Briefing: o que é e Guia Prático para Projetos de Design, Marketing e Comunicação
- DesignGuy
- Oct 8
- 9 min read
Se há um ponto comum entre projetos bem-sucedidos e relações tranquilas entre cliente e fornecedor, ele atende por um nome simples: briefing bem feito. Mas apesar de parecer só uma lista de perguntas e respostas, o documento é, na verdade, o fio condutor de toda iniciativa criativa, alinhando expectativas, evitando desencontros e tornando o resultado mais fiel aos objetivos de quem contrata.
Falar sobre esse tema nunca soa repetitivo. Toda empresa já sofreu com projetos que saíram tortos, entregas desalinhadas ou ajustes infinitos por conta de um briefing mal feito.
Assim, construir um roteiro de informações bem estruturado faz diferença não só na entrega, mas no relacionamento, na velocidade e, claro, na percepção de valor sobre o trabalho criativo. Ao longo deste guia, compartilho aprendizados, práticas do mercado e exemplos para que seu próximo projeto comece com o pé direito.
Afinal, aqui na designguy, aprovamos +80% dos projetos dos clientes de primeira porque sabemos interpretar bem os briefings que chegam e nosso fluxo permite que os clientes escrevam bons briefings.

O conceito de briefing na prática
Há quem diga que a palavra já está desgastada, mas basta um projeto patinar para todo mundo lembrar do quanto faz falta alinhar cada passo antes de sair criando. Em design, marketing e comunicação, funciona como uma espécie de mapa do tesouro: nem sempre direto ou completo, mas capaz de direcionar as escolhas e evitar desvios.
O documento, muitas vezes, se apresenta em diferentes formatos: textos corridos, planilhas, perguntas e respostas ou até apresentações visuais. Indepente do formato, o importante é capturar tudo que impacta o desenvolvimento do projeto, desde restrições até desejos subjetivos. Usar versões online ou dinâmicas permite ajustes rápidos e fácil colaboração, sobretudo quando a equipe é grande ou os fluxos exigem velocidade.
Mais do que coletar dados, o verdadeiro valor do roteiro está na clareza de objetivos, nos limites e, principalmente, na descrição do desejo de transformação. Às vezes, só dizer “quero algo moderno” não basta. É preciso entender o que, de fato, “moderno” significa para aquele contexto e dentro da cabeça de quem faz o pedido. O briefing, então, serve de tradutor, convertendo demandas intangíveis em ações concretas.
Função estratégica: vai além do início do projeto
Quando se fala em alinhar expectativa e resultado, o briefing é a ponte que conecta expectativa e entrega. Ele limita e orienta, reduzindo o espaço para mal-entendidos. Um briefing claro permite ajustes menos drásticos, favorece a inovação e dá segurança aos envolvidos para propor soluções ousadas, pois ele traz a segurança de haver algo bastante concreto pautando o time.
Quem já trabalhou com grandes equipes sabe que referências visuais, palavras-chave, exemplos do que não agradou em projetos antigos podem ser determinantes para que todos entendam o que se espera daquele projeto. Tudo isso só existe se, no início, a conversa foi rica.
Diretor de arte precisa entender qual imagem a empresa quer transmitir
Redator vai buscar o tom de voz alinhado com a cultura da organização
Time de produto pode identificar, a partir do briefing, oportunidades de integração com campanhas já existentes
Sem isso, até o fornecedor mais competente se perde. E o risco de conflito cresce junto com o número de idas e vindas.
Elementos que não podem faltar no briefing
Um roteiro assertivo tem estrutura. Não significa engessar, mas garantir que perguntas-chave nunca fiquem de fora. Elencar tudo pode até soar burocrático, porém a experiência mostra: poupa tempo, dinheiro e energia.
Veja os itens que funcionam como pilares de um roteiro eficiente para design, marketing e comunicação:
Informações sobre a empresa
Histórico, visão, valores e diferenciais do negócio
Produtos ou serviços oferecidos
Contexto do projeto (por que surgiu a demanda?)
Identidade visual e diretrizes de marca
Logo, cores, tipografias, aplicações restritas
Tons que devem ser evitados ou, pelo contrário, são obrigatórios
Exemplos do que é permitido ou proibido
Para quem quiser aprofundar, vale conhecer sobre brandbook neste artigo sobre como estruturar um brandbook.
Objetivos da demanda
O que se espera da entrega: reconhecimento, vendas, fortalecimento de marca?
Quais métricas ajudarão a definir sucesso?
Público-alvo
Idade, gênero, localização, hábitos de consumo
Marcas de referência para esse público
Como se comunica, quais conteúdos consomem?
Quais canais utilizam para consumir conteúdo?
Análise de concorrência
Empresas que inspiram ou ameaçam
Pontos fortes e fracos percebidos em cada uma
O que deve ser evitado para não parecer “cópia”
Orçamento
Faixa de investimento destinada ao projeto
Limites para materiais, ações ou tiragens
Cronograma
Prazos gerais e entrega de cada etapa
Datas-limite imutáveis: feiras, lançamentos, eventos
Pode parecer muita coisa, mas quanto mais madura a empresa, mais fácil é reunir essas informações rapidamente.
Os benefícios de um briefing bem construído
Algumas vantagens de investir tempo (de verdade) num bom roteiro surgem já nos primeiros contatos. Não é exagero dizer que projetos com briefing detalhado são mais rápidos, menos desgastantes e, normalmente, entregam resultados mais próximos do que foi pedido.
Alinhamento claro de expectativas: todos sabem onde querem chegar e como será julgado o resultado
Redução do retrabalho: quanto menos suposições, menos refações. Não há espaço para interpretações dúbias
Agilidade em ajustes: saber de onde partiu cada decisão traz segurança e rapidez na hora de revisar
Consistência entre várias peças: com referências amarradas, toda comunicação fala a mesma língua
quando não há dúvidas, acertamos mais rápido.
Imagine um time remoto, onde todos colaboram à distância. Basta um roteiro pouco claro para que o número de retrabalhos suba muito. Sobre o tema, vale conferir o artigo sobre gestão de demandas de design em times remotos.
Dicas para criar um briefing eficiente
Briefing enxuto nada tem a ver com superficialidade. Ainda é surpreendente quantos projetos deixam de lado perguntas simples, mas que mudariam completamente o resultado. Lembre-se: a coleta é uma conversa, não um simples formulário automático.
1. Prepare antes da reunião
Analise materiais antigos, procure cases de sucesso e imagine perguntas que outros fornecedores costumam fazer. Quanto mais embasada a conversa inicial, maior a qualidade das primeiras sugestões.
2. Ouça ativamente
Muitas vezes, a melhor informação não está na resposta direta à pergunta, mas num comentário casual feito pelo cliente. Ouvir com atenção, questionar exemplos, trazer casos práticos de outros setores, tudo isso pode abrir caminhos inesperados.
Uma dica de ouro é perguntar ao cliente qual é a expectativa ao final do projeto.
3. Reescreva para garantir clareza
Após a coleta, vale apresentar um resumo para o cliente validar. O que pareceu óbvio pode gerar interpretações diferentes se não for revisado em conjunto.
4. Dê exemplos visuais
Imagens, vídeos, cases do segmento: tudo que pode ilustrar melhor o “gosto” desejado contribui muito. Se a empresa não tem materiais de referência, vale sugerir opções, mesmo que sejam de setores diferentes.
5. Envolva os responsáveis certos
Reunir marketing, design, produto e outros setores podem enriquecer o documento e acelerar os próximos passos. Pense que cada área enxerga problemas e oportunidades de um jeito.
6. Revise possíveis restrições
Se há limitações legais, obrigatoriedade de determinados símbolos ou uso restrito de imagens, nada melhor do que já deixar claro desde o início. Evita desperdício de tempo depois com propostas inviáveis.
Template sugerido: roteiro de briefing para demandas criativas
O melhor briefing é aquele que traz informações suficientes e claras. Existem diversos templates que você encontra por aí, mas sugerimos que você adapte esse roteiro padrão à sua realidade.
O modelo ideal é aquele que se adapta ao que seu projeto precisa dizer.
Segue um roteiro prático, que pode ser ajustado caso a caso:
Informações da empresa: Quem somos? Qual história queremos contar?
Necessidade do projeto: Por que surgiu? Qual dor queremos resolver?
Público-alvo: Quem queremos atingir? O que eles gostam? O que rejeitam?
Identidade visual: Como a marca deve ser representada visualmente? Quais restrições?
Tons, mensagens e referências: Cite exemplos positivos e negativos; traga palavras-chave
Referências e inspirações: Marcas que admire, cases de sucesso, exemplos visuais a seguir
Concorrentes: O que fazer diferente? Quais práticas evitar?
Relacionamento com o time: Como vai funcionar o fluxo de comunicação? Prazos para feedback?
Cronograma: Datas e entregas esperadas
Orçamento: Limites e expectativas financeiras
Outras observações: Espaço aberto para observações, dúvidas, comentários livres
Como fazemos na DesignGuy
Quando o cliente entra na plataforma, pedimos um briefing inicial, mais institucional. Isso já diz muito para nós sobre os briefings que estão por vir.

Depois disso, a cada briefing o cliente abre um card e faz seu pedido, sem um template. Para nós, esse modelo tem funcionado muito bem. Como disse lá em cima, nosso nível de aprovação é bem alto.
Mas sabemos que talvez esse modelo não funcione em todos os lugares.
Erros comuns e como evitar
Engana-se quem acha que só iniciantes deslizam ao montar um roteiro. Aliás, times experientes muitas vezes se acomodam com modelos antigos, ignorando que cada demanda exige olhar atento e adaptações.
Para evitar erros básicos, siga esses passos:
Omissão de contexto: Não detalhar por que o projeto existe abre espaço para saídas genéricas e sem personalidade.
Falta de exemplos concretos: Dizer “quero algo moderno” sem imagens ou cases é pedir subjetividade demais.
Público-alvo amplo ou indefinido: Tentar agradar a todos enfraquece a mensagem.
Deixar orçamento e prazos abertos: Excesso de flexibilidade leva a desentendimentos e atrasos.
Ignorar concorrência real: Ficar só nas marcas globais e não olhar o cenário local é um erro frequente.
Não validar o briefing: Pular a etapa de revisão pode ser fatal quando as duas partes têm leituras diferentes do que foi combinado.
Preguiça: Este talvez seja um dos principais motivos dos briefings mal escritos. É preciso por energia necessária para se fazer um briefing bem feito que o fornecedor entenda e consiga executar.
Sobre os dez tropeços mais frequentes, há uma análise detalhada neste texto bem didático sobre erros em briefing de design.
Evitar erros simples vale muito mais do que remendar depois.
O que acontece quando o briefing não é bom?
Há briefings que, na verdade, são colchas de retalhos. Cheios de informações desconexas, perguntas não respondidas ou respostas vagas, acabam confundindo em vez de orientar. Isso gera expectativas desalinhadas, refações constantes e, o mais difícil de recuperar, desgaste da relação entre todos.
Projetos sem alinhamento desde o início tendem a ser caros, demorados e frustrantes. Ninguém gosta de “surpresas” desagradáveis quando um layout chega pronto e não tem nada do que o cliente esperava ou quando o designer percebe que vai ter que recomeçar todo o seu trabalho por conta de uma mensagem omitida no meio de um e-mail.
Combinado não sai caro, e briefing ruim custa caro demais.
Conclusão
Construir um briefing cuidadoso, colaborativo e atualizado é meio caminho andado para qualquer projeto criativo, seja ele de design, marketing ou comunicação. Ele antecipa problemas, mostra caminhos e fortalece relações. Pode levar um pouco mais de tempo para sair do papel, mas compensa muito ao evitar horas (ou dias) de ajustes posteriores.
Reflita sobre o que motiva sua próxima demanda, envolva os times certos na conversa e não tenha receio de detalhar (demais). Se a sensação durante a escrita for “será que não estou perguntando muito?”, provavelmente está no caminho certo.
Se a base for bem construída, todo o resto cresce com mais confiança.
Se quer um parceiro de design com +20 anos de experiência, que sabe ler briefings como ninguém e tirar o melhor da necessidade do cliente, agende um bate-papo e conheça o trabalho da DesignGuy. Garanto que não vai se arrepender ;)
Perguntas frequentes sobre briefing
O que é um briefing de design?
Um briefing de design é um documento, ou um roteiro detalhado, que reúne informações sobre a empresa, contexto do projeto, público-alvo, objetivos, limites visuais e funcionais, referências e outros dados que vão orientar o trabalho dos profissionais envolvidos. Ele serve como guia para garantir que o resultado final esteja alinhado com as expectativas do cliente, evitando mal-entendidos e retrabalhos ao longo do processo.
Como fazer um briefing eficiente?
Um briefing eficiente começa com conversas francas e detalhadas entre cliente e fornecedor. É importante coletar dados sobre a marca, identificar o problema a ser resolvido, entender o público-alvo, listar exemplos de coisas que funcionam (e que não funcionam), definir prazos, orçamento e métricas para o sucesso. Um roteiro revisado e validado pelos envolvidos, além de exemplos práticos e materiais de referência visual, deixa o documento ainda mais confiável e útil.
Para que serve o briefing em projetos?
O briefing serve para alinhar todos os envolvidos sobre as expectativas, os objetivos e as referências do projeto. Ele reduz retrabalho, agiliza decisões e cria um ambiente mais favorável à criatividade, pois elimina dúvidas básicas antes mesmo do processo começar. Ao contrário do que muitos pensam, não é apenas uma formalidade: sem esse roteiro inicial, todos trabalham no escuro, e o risco de entregas erradas cresce bastante.
Quais informações não podem faltar no briefing?
Para garantir qualidade, o roteiro deve conter: resumo da empresa, missão, histórico e diferenciais; objetivo do projeto; definição e descrição do público-alvo; identidade visual e restrições de marca; referências visuais ou de linguagem; análise da concorrência; orçamento e limites; cronograma e prazos para cada etapa importante. Informações vagas ou deixadas para depois tendem a gerar problemas maiores.
Qual a diferença entre briefing e planejamento?
O briefing é o documento inicial que coleta e organiza os principais dados e expectativas do projeto. Já o planejamento vai além, traduzindo as informações do roteiro em ações, cronogramas detalhados e alocações de recursos. Ou seja, o briefing é o retrato do que se espera e em quais condições, enquanto o planejamento é o caminho traçado para chegar lá, detalhando cada etapa, responsável e prazo.



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