O que é Tom de voz e por que ele é crucial no Marketing B2B
- Roberta Simões
- Nov 19
- 6 min read
O universo do branding corporativo está repleto de nuances que, juntas, constroem a percepção de uma marca. Entre os elementos que organizam e dão corpo à comunicação empresarial, o tom de voz desponta como uma das maiores forças.
Definição de tom de voz nas marcas
Tom de voz é a forma única e consistente como uma organização transmite suas mensagens, seja no ambiente digital ou impresso, refletindo seus valores, personalidade e posicionamento. No contexto do branding, essa característica vai muito além da mensagem em si: engloba escolhas linguísticas, ritmo, intensidade emocional e grau de formalidade.
Pensando em uma pessoa, seria o jeito dessa pessoa falar.
Quais palavras ela escolhe? Fala mais coloquial ou formal? Usa gírias? Humor? Quando pensamos em uma marca, essas definições estão dentro do seu tom de voz.
Imagine duas empresas do setor de tecnologia. Uma aposta no discurso objetivo, técnico e sóbrio. A outra, embora também domine os termos do segmento, prefere clareza descontraída e aproximação. Ambas podem oferecer soluções similares, mas transmitem percepções totalmente distintas graças à forma como falam.
E existem ótimos exemplos reais desse contraste.
IBM X Slack
A IBM comunica estabilidade, precisão e seriedade. Já o Slack, mesmo vendendo tecnologia para comunicação corporativa, conversa como quem simplifica a rotina com leveza e humor. A sensação que cada uma transmite é completamente diferente, mesmo competindo pelo mesmo espaço mental do usuário.
Microsoft X Notion
Algo semelhante acontece entre Microsoft e Notion. A Microsoft fala com firmeza e formalidade, reforçando segurança e performance. O Notion, atuando no mesmo eixo de produtividade, escolhe um tom acolhedor, quase artesanal, que aproxima o usuário da marca.
Google Cloud X Mailchimp
O mesmo vale para Google Cloud e Mailchimp. Enquanto o primeiro enfatiza eficiência, estrutura e escalabilidade, o segundo recorre a humor, naturalidade e metáforas simples, mesmo lidando com automação e dados.
No fim, o produto pode até ser parecido. Mas o tom de voz muda completamente, assim como a imagem que temos de cada uma dessas empresas. O modo como a marca fala molda a forma como ela será percebida. É ele que determina se o público a percebe como técnica, acessível, divertida, institucional, inovadora ou confiável. O tom de voz, mais do que um detalhe, é um filtro emocional e é por isso que marcas que dominam seu próprio jeito de falar criam conexões que vão além da tecnologia.

Por que definir tom de voz faz tanta diferença no marketing B2B?
Nos negócios entre empresas, o caminho até o fechamento de uma venda costuma ser longo. Decisões envolvem análises detalhadas, múltiplos influenciadores e, na maioria das vezes, investimentos significativos. Por isso, comunicação clara e credibilidade não são expectativas, mas condições básicas para construir relacionamentos e avançar em negociações.
Por isso, o tom de voz ajuda a:
Construir confiança desde o primeiro contato;
Reduz dúvidas ao demonstrar domínio do setor e empatia;
Diferencia a marca em segmentos saturados;
Guia a produção de conteúdo estratégico e persuasivo;
Cria familiaridade ao longo de jornadas complexas.
Uma voz bem construída transmite segurança e mostra que a empresa sabe para onde está indo e como pode ajudar o cliente a chegar lá. No B2B, isso pode pesar mais do que qualquer argumento racional.
Elementos fundamentais do tom de voz
Para entender de verdade como funciona essa característica, vale olhar para os pilares que o sustentam:
Linguagem: Quais termos são usados? Há uso de jargões técnicos ou prefira-se simplificar a comunicação?
Ritmo: As frases são curtas, diretas ou mais elaboradas e reflexivas?
Formalidade: O discurso é mais próximo e coloquial ou adota a impessoalidade?
Emocionalidade: Existe espaço para expressar emoções ou tudo é transmitido de forma neutra?
Essas definições têm íntima relação com cultura interna e identidade visual. Não faria sentido uma empresa que valoriza a inovação, por exemplo, ter uma forma de comunicação engessada ou antiquada.
Cada escolha comunica um pouco do que está por trás da solução oferecida.
Como alinhar forma de se comunicar à cultura e identidade visual?
Tudo começa pelo entendimento profundo da marca. Missão, visão, valores e personalidade precisam estar claros. O próprio manual de identidade visual é um roteiro valioso: se uma organização investe em design vibrante e inovador, o discurso deve refletir essa energia.
As conexões não param por aí. Um relatório visual impactante só é realmente efetivo quando o texto que o acompanha reforça a credibilidade e aproxima a mensagem do público, sem ruídos. Por isso, alinhar a forma de se falar ao visual da marca potencializa tudo.
Visual e verbal, juntos, dão unidade e aumentam o reconhecimento espontâneo entre potenciais clientes.
Manual de comunicação: garantindo a harmonia em todos os pontos de contato
Para não perder a referência, cresce o uso de documentos que detalham diretrizes para criar mensagens nos mais variados canais.
Um manual define regras claras sobre como a empresa fala, evitando ruídos e contradições entre departamentos. Trata-se de um material organizado, geralmente ilustrado e repleto de exemplos positivos e negativos, que deve fazer parte do Brandbook da marca.
Esse guia deve ser periodicamente revisado, pois marcas evoluem, assumem novas posturas, são impactadas por tendências e buscam novas conexões.
Ajuda marketing, vendas e atendimento a transmitir sempre a mesma essência;
Evita improvisos, garantindo que campanhas e pitches estejam alinhados;
Facilita treinamento de novos funcionários.
Quando o manual é claro e acessível, todos se sentem confiantes para dialogar com diferentes públicos, mantendo a identidade intacta.
Etapas práticas para definir e documentar a personalidade verbal
O desenvolvimento de uma comunicação marcante, autêntica e estratégica passa por um processo estruturado. É preciso buscar consistência, testando argumentos e validando junto a quem mais importa: o público.
Análise de público-alvo: Sem saber com quem se dirige, a empresa arrisca não ser compreendida. Levantam-se dados demográficos, desafios, expectativas e até preferências de linguagem.
Identificação de valores e propósito: Que causas a marca defende? O que a diferencia? Como traduzir esses pontos em discurso?
Criação de personas: Desenvolve-se o perfil fictício do destinatário, ajudando na escolha do vocabulário e do grau de formalidade.
Montagem do manual de referência: Documento que inclui diretrizes, exemplos do que fazer e do que evitar, vocabulário padrão, frases-modelo e orientações para crises.
Tudo para que, independente da plataforma, a marca seja reconhecida até quando o
logotipo não está presente.
Não precisa fazer um manual separado sobre tom de voz, ele pode muito bem fazer parte do Brandbook da marca ou até mesmo do Manual de Identidade Visual, caso ela não tenha um Brandbook mais completo.
Conclusão: o tom de voz como diferencial competitivo
No universo B2B, onde decisões exigem calma, análise de riscos e muitos envolvidos, marcar presença exige mais do que bons argumentos técnicos. A personalidade verbal é o primeiro passo para criar vínculos verdadeiros.
Marcas que investem na construção consciente de sua expressão transmitem confiança, autoridade ou proximidade desde o primeiro e-mail até a reunião de fechamento de contrato. Cada detalhe desse discurso, ajustado à cultura, ao público e aos objetivos, contribui para o reconhecimento e fortalece os relacionamentos de longo prazo.
Toda marca tem algo a dizer. Poucas sabem como dizer de modo único.
Se precisa de um parceiro para construir sua marca no dia a dia respeitando a forma como é o seu tom de voz, não deixe de conhecer o trabalho da DesignGuy. Agende agora mesmo uma ligação, será um prazer conhecer a sua empresa e seus desafios.
Perguntas frequentes sobre tom de voz no marketing B2B
O que significa tom de voz no marketing?
No contexto do marketing, tom de voz representa o conjunto de escolhas linguísticas que caracterizam a forma como uma empresa se comunica. Não é apenas o que se diz, mas principalmente como se diz. Abrange estilo, grau de formalidade, ritmo, presença de emoção e adaptações ao contexto da audiência. Esse aspecto constrói personalidade e diferencia a marca aos olhos do cliente.
Como definir o tom de voz da minha marca?
O primeiro passo envolve entender profundamente a essência da empresa: missão, valores, propósito e público-alvo. A partir daí, são definidos parâmetros como preferência por linguagem mais técnica ou acessível, presença ou ausência de humor, grau de proximidade. A criação de personas também ajuda a visualizar como a organização fala e se apresenta. Após esses passos, é recomendado documentar as escolhas em um manual de comunicação para orientar toda equipe.
Por que o tom de voz é importante no B2B?
Negociações entre empresas requerem clareza, identidade forte e criação de confiança. O modo como a entidade fala reflete maturidade, experiência, compromisso com resultados e respeito ao interlocutor. No longo ciclo de decisão típico do B2B, a forma de se expressar influencia diretamente como potenciais clientes percebem o nível de expertise e seriedade.
Quais os erros comuns ao definir tom de voz?
Entre os deslizes mais comuns, estão definir um tom que difere dos valores reais da marca; exagerar na informalidade para parecer moderno e gerar desconforto; criar regras complexas e de difícil adoção pelo time; tentar agradar a todos, tornando o discurso genérico. Outro erro recorrente ocorre quando a organização negligencia atualizações do guia de comunicação à medida que a marca evolui.
Como adaptar o tom de voz para diferentes públicos?
A essência deve permanecer, mas adaptações são bem-vindas quanto a termos técnicos, formalidade, intensidade e estrutura do discurso. Analisa-se o perfil do público de cada canal e, a partir disso, ajustam-se escolhas para engajar e ser compreendido. O principal é manter a coerência entre plataformas, garantindo sempre a autenticidade da expressão da marca.



Comments